Foi divulgada esta tarde
a mensagem da assembleia sinodal para as famílias, uma mensagem dirigida
essencialmente às famílias tradicionais e que sublinha a importância de uma
Igreja aberta que acolha não só as famílias, mas também os seus problemas e
dificuldades.
Respondendo aos
jornalistas sobre o porquê de uma mensagem sem referências exatas às questões
levantadas a este sínodo, o cardeal Ravasi, que apresentou o texto, explicou
que a mensagem dos bispos não é o mesmo que o relatório e que o tratamento das
questões debatidas nestes dias pelos bispos constará do documento a ser
entregue ao Santo Padre.
Os bispos optaram por
reconhecer, no texto hoje divulgado, “o grande desafio de permanecer fiel no
amor conjugal” numa sociedade que marca as famílias pela “indiferença
relativamente aos valores, pelo individualismo, empobrecimento das relações e
stresse que excluem a reflexão.”
Os desafios e os
fracassos, continuam os padres sinodais, “fazem surgir novas relações, novos
casais, novas uniões civis e novos casamentos, criando situações familiares que
são complexas” e para as quais nem sempre a “escolha cristã é óbvia.”
O texto refere também o
fardo imposto pela vida no sofrimento, nomeadamente por crianças com
necessidades especiais, pela doença e pela morte dos entes queridos, exaltando
todas as famílias que enfrentam os seus sofrimentos com “coragem, fé e amor.”
No campo do sofrimento,
os bispos fizeram questão de referir os imigrantes e famílias que morrem no mar
na tentativa de encontrar um porto seguro, bem como os refugiados forçados a
abandonar as suas casas ou os perseguidos em nome da fé que professam.
A mensagem faz referência ao
tempo de espera e preparação para o matrimónio, o “sacramento em que Deus deixa
a sua marca, presença e graça” que permite que os noivos se encontrem e se
disponibilizem para viver e espalhar o seu amor através não só dos seus filhos,
mas também da oferta da vida, do afeto e dos valores, uma experiência possível
de ser vivida “mesmo por aqueles que não puderam gerar um filho”, continua o
documento.
A família, lê-se, é “uma
autêntica Igreja doméstica que se expande para se tornar a família das famílias
que é a comunidade eclesial.”
O culminar desta
caminhada é, de acordo com a mensagem, a Eucaristia, quando a Igreja e a
família “se sentam à mesa do Senhor.”
Nas intervenções desta
manhã e respondendo aos jornalistas, os padres sinodais, cardeal Ravasi,
Damasceno Assis e Oswald Gracias fizeram questão de salientar o carácter aberto
deste sínodo, caracterizado por diferentes culturas e experiências e onde
existe lugar para diferentes opiniões.
Realçaram igualmente que
este Sínodo não pretendia alcançar conclusões, mas tão somente refletir e dar
voz às dúvidas e necessidades das famílias, congratulando-se por sentirem que
nesse campo, a sua missão está cumprida.
Sobre a existência de
opiniões divergentes quanto a temas fraturantes como, por exemplo, o
acolhimento das uniões homossexuais, os bispos relembraram a abertura ao
diálogo que tem caracterizado o sínodo, nomeadamente pela existência de pessoas
com histórias e culturas diferentes, mas reiteraram a posição de acolhimento.
Sobre o apontado silêncio
do Papa, os bispos foram unânimes em dizer que faz parte do processo e que não
deveria ser de outra maneira. Este sínodo extraordinário tinha como objetivo a
partilha de opiniões e pretendia que os bispos se pudessem expressar o mais
abertamente possível. Por isso, os participantes da conferência desta manhã,
consideraram que tudo decorreu dentro da normalidade, o Papa escutou-os para
depois se pronunciar.
Texto: Rita Bruno
Foto: Sala de Imprensa da Santa Sé
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