No briefing desta manhã na Sala de Imprensa do Vaticano, os porta-vozes Pe. Lombardi, Pe. Rosica e Pe. Dorantes tiveram a companhia dos Cardeais Vincent Nichols, arcebispo de Westminster, no Reino Unido, e do Cardeal Raï Béchara, Patriarca Maronita de Antioquia. As discussões da tarde de ontem e desta manhã centraram-se no conhecimento que a família tem do magistério da Igreja e nas relações entre família e lei natural.
Num resumo apresentado aos
jornalistas, o Pe. Rosica falou na necessidade de «mudar a linguagem» da
Igreja, «não a sua doutrina». «Frases como “viver empecado”, ou “mentalidade
contracetiva” não são formas de atrair as pessoas à Igreja». Podem ser vir para
etiquetar as pessoas e afastá-las de Cristo», disse o sacerdote americano, que
confirmou que, entre os padres sinodais que falaram ontem e hoje, «houve um
grande desejo de mudança de linguagem».
O Cardeal Nichols confirmou esta
vontade de mudança da linguagem, nomeadamente no que diz respeito ao casamento.
«Um dos padres defendeu que temos de abordar a realidade do casamento com uma
linguagem positiva, e há muita coisa positiva que podemos referir», disse o
prelado.
Sobre a indissolubilidade do
matrimónio, e apesar de não ser este o dia para dedicar a esse assunto, o Pe.
Lombardi referiu que foi refletida a exegese que é feita das leituras de S.
Paulo sobre a indissolubilidade do matrimónio. «Não se põe em dúvida que esta
leitura coloque em causa a vontade de Jesus, mas há aqui elementos de
experiências de dificuldades na Igreja primitiva, e por isso é preciso fazer
uma interpretação da aplicação das palavras de Jesus. Mas não se tomaram
quaisquer decisões sobre isso», afirmou o sacerdote italiano.
Questionado na conferência de
imprensa sobre se a Lei da Gradualidade, que existe na Teologia Moral e que
defende uma aproximação gradual de Deus, pode ser aplicado aos casais
divorciados e recasados, o cardeal Nichols pediu «paciência». «Há fundamentos
que podem ser lançados para discussão, mas temos de ver como. O santo Padre
pediu-nos que tivéssemos paciência e deixássemos que a imagem surgisse
gradualmente, e ainda estamos no primeiro dia», afirmou o prelado.
Maior exigência aos noivos
Outro dos temas muito abordado
pelos padres sinodais foi a necessidade de uma maior exigência na preparação
para o matrimónio dos noivos. O Cardeal Vincent Nichols concorda com essa «necessidade».
«Os padres precisam de exigir mais aos noivos para que os sacramentos sejam
verdadeiramente compreendidos na sua totalidade», considerou o prelado.
O Pe. Lombardi explica que muitas
intervenções abordaram a «importância dos requerimentos para o matrimónio», e a
«exigência» que se deve ter para «aceitar os casais que se apresentam para o
matrimónio na Igreja». «Não deve haver medo de ser exigente», disse o sacerdote
italiano, mas não foram anunciadas nenhumas propostas nesse sentido.
O Pe. Dorantes, que fez um resumo
das intervenções dos oradores em espanhol, disse que alguns dos oradores
abordaram o problema da poligamia, muito presente em certas partes do globo, e
falaram da necessidade de saber «explicar as coisas e fazer uma ligação entre a
lei natural e o sacramento do matrimónio».
Para além disso, o sacerdote
espanhol disse que os bispos abordaram a necessidade de se mudar a estratégia
de comunicação da Igreja. «Temos de passar de uma linguagem de defesa dos
valores fundamentais para um ataque fundado na beleza do plano de Deus que se
vive na família, disse esse bispo, que propôs um uso mais criativo dos meios de
comunicação, onde se apresentariam testemunhos de vida convincentes, baseados a
realidade e não na teoria», disse o sacerdote.
Abordado foi ainda a problemática
dos sacerdotes casados no Oriente e da dificuldade de enfrentar os seus
problemas familiares. «Os sacerdotes negam a sua experiência, e não a partilham
com ninguém, e isso pode causar-lhes muitos problemas. É preciso uma resposta
pastoral e um acompanhamento da Igreja, dizem os bispos», afirmou o Pe.
Dorantes.
Aprovada na aula sinodal foi a proposta de elaboração de uma mensagem, a enviar pelo Sínodo em nome de todos os participantes, de solidariedade para com as famílias que sofrem perseguição no Iraque.
Aprovada na aula sinodal foi a proposta de elaboração de uma mensagem, a enviar pelo Sínodo em nome de todos os participantes, de solidariedade para com as famílias que sofrem perseguição no Iraque.
O Sínodo inicia os trabalhos da
tarde abordando os temas da pastoral familiar. Pode acompanhar todas as
notícias aqui no site www.sinododafamilia.familiacrista.com
Texto: Ricardo Perna
Foto: News.va
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